O Parmênides de Platão é dividido dramaticamente em dois planos, no primeiro temos o relato de Céfalo de seu encontro com Glaucon, Adimanto e Antifonte, para que Antifonte lhes narrasse o debate entre Sócrates, Zenão e Parmênides, já que este tinha ouvido Pitodoro contar diversas vezes o encontro dos três filósofos. O segundo plano dramático é o das conversações entre Sócrates, Zenão e Parmênides que é relatado por Antifonte. É neste segundo plano dramático que está presente o conteúdo filosófico do diálogo, e é da leitura desta parte que os estudiosos dividem o Parmênides em outras duas ou três partes. As subdivisões mais aceitas e a que usamos em nossos estudos, são as que separam em duas partes o relato de Antifonte, sendo que a primeira parte (127b-137b) contém a exposição da teoria das Formas feita por Sócrates e as críticas que Parmênides faz a esta, por sua vez a segunda parte (137c–166c) contém a demonstração do método de Zenão filosofar, o qual Parmênides sugere que o jovem Sócrates passe a utilizar.
No que concerne a veracidade do encontro entre Sócrates, Zenão e Parmênides,tal como apresentado no diálogo por Platão, o que pode criar em nos certo grau de dúvida é o fato de que tomamos conhecimento de tal pelo relato de Antifonte que o decorou depois de ouvido varias vezes de Pitodoro que esteve presente no encontro, ou seja, temos contato com o diálogo entre os três filósofos de uma fonte indireta e relatada de memória. Este fato, apesar de nos parecer estranha, não era nada incomum para um grego contemporâneo de Platão, já que em uma época onde poucos sabiam ler a memória era o principal meio da preservação dos fatos. Mesmo com o alto valor de veracidade dado aos relatos de memória na Grécia antiga é muito pouco provável que o diálogo que Platão nos apresentado no Parmênides tenha realmente ocorrido.
Texto retirado da internet, artigo de Fernando F. Strongren Graduando em Filosofia da Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Marília